Ai como eu te queria toda de violetas E flébil de cetim... Teus dedos longos, de marfim, Que os sombreassem jóias pretas... E tão febril e delicada Que não pudesses dar um passo - Sonhando estrelas, transtornada, Com estampas de cor no regaço... Queria-te nua e friorenta, Aconchegando-te em zibelinas - Sonolenta, Ruiva de éteres e morfinas... Ah! que as tuas nostalgias fossem guisos de prata - Teus frenesis, lantejoulas; E os ócios em que estiolas, Luar que se desbarata... ............................ ............................ Teus beijos, queria-os de tule, Transparecendo carmim - Os teus espasmos, de seda... - Água fria e clara numa noite azul, água, devia ser o teu amor por mim... Lisboa 1915, fevereiro 16, in Poemas Completos, edição Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim